domingo, 6 de dezembro de 2009

O príncipe desencantado

Ao contrário do príncipe encantado, o príncipe desencantado existe sim. Há milhares dessa espécie espalhada por aí. Todas já ouvimos estórias, sejam com amigas, amigas de amigas ou até com a gente mesma.
Essa espécie de homem é capaz de ser um grande cavalheiro. Um verdadeiro gentleman. Te enche de carinho. Te enche de mimos. É o homem mais perfeito que existe... mas só até esse momento. Porque de repente, eis que surge lá do fundo da sua alma, às vezes beeem escondidinha a sua outra personalidade. Na primeira vez, você pode até relevar. Afinal, ninguém é perfeito. Aquele momento em que vocês precisaram discutir algo sério, como a relação de vocês ou algo referente à sua família, e que ele foi super grosso, irreconhecível, sarcástico, te ofendeu, falou mal da sua família e te criticou tanto que te fez sentir a mulher mais burra do mundo foi apenas um momento, apenas um dia ruim. O que vale mesmo é o tanto de coisa legal que ele já fez por você. E você deixa passar. No fundo, você ficou triste, magoada; mas dá uma chance. Afinal, ele agora percebeu que te deixou assim e te levou pra jantar naquele restaurante caro que você adora. Ele voltou a ser tão romântico e apaixonado. Até te mandou flores! ‘Acho que ele se arrependeu...’ (você pensa).
Depois disso, tudo vai bem, caminhando normal Até vocês precisarem discutir algo sério de novo. E aí ele te magoa novamente. E mais uma vez faz você se sentir a mulher mais burra do mundo. E foi outra vez grosso, irônico, sarcástico. E foi de novo o pior dos homens. Mas depois ele bem esperto (e estratégico) percebendo como você ficou, te leva naquele outro restaurante com um clima bem romântico, aquele restaurante que já fez parte do começo do seu romance. E o ‘príncipe’ se transforma de novo naquele homem maravilhoso, carinhoso, o homem mais carinhoso do mundo. Mas isso até vocês precisarem discutir novamente. E daí você já sabe o resto da estória. O ciclo se repete... E vocês viveram quase-felizes para sempre!

Acontece que ser quase-feliz não é ser feliz por inteiro.
Antes de amarmos qualquer pessoa temos que ter amor-próprio. Se não nos valorizarmos, ninguém valoriza. Se a mulher aí de cima não colocar o seu amor-próprio na frente, ela vai sempre encontrar príncipes desencantados pelo caminho. E nunca vai se sentir completamente feliz. Nunca vai se sentir completamente amada. Nunca vai se sentir completamente valorizada. A estória se repete só até quando você permitir. É você quem escolhe o enredo e os personagens da sua estória, da sua vida.