Ela foi na frente. Tinha uma certa pressa. Queria que esse momento de despedida terminasse logo. Percebia que em pouco tempo ela não ia mais conseguir controlar a vontade de chorar. Não queria ser ridícula na frente dele.
Estava chuviscando. Ela o abraçou e o beijou na boca. Um beijo calmo... querendo sentir cada movimento da língua dele. Como gostava do seu gosto! Era a boca que ela queria todos os dias, para o resto da sua vida...
Entrou no carro. Saiu devagar. Tudo tinha que parecer normal. Foi só se distanciar um pouco que as lágrimas começaram a sair. Pelo menos elas não foram traiçoeiras. Conseguiram ficar ali escondidas até o momento certo. Lembrou-se da época que era livre. Livre porque não amava ninguém. Livre porque não tinha necessidade, não sentia falta, nem saudade, não doía. Mas ainda assim, com a falta, a saudade, a necessidade, a dor.... ainda assim preferia amar... sua vida desse jeito tinha mais cor.